segunda-feira, 29 de outubro de 2012

2ª. CONFERÊNCIA/DEBATE DO CICLO CIDADANIA E DEMOCRACIA DIRECTA, HOJE


No passado dia 26 do corrente, realizou-se na Biblioteca/Museu da Repª. e Resistª/Bº. Grandela, a 2ª Conferência deste Ciclo, promovido pela Tetúlia Liberdade em parceria com a Biblioteca/Museu.
Cerca de 30 pessoas participaram num animado debate sobre a crise estrutural do capialismo, que nos pretende fazer pagar os seus bloqueamentos, e que, na sua fase actual, caminha para um falhanço semelhante àquele sofrido há 3 décadas atrás pelo seu irmão siamês do capitalismo burocrático de estado, alcunhado de socialismo real.
 Perante os horrores desta sociedade, de abundância para uns quantos e de desperdício, abandono, destruição da natureza e esmagamento da liberdade para a esmagadora maioria, encontramo-nos hoje perante a necessidade de redescobrir as virtualidades da democracia directa. Abandonado o mito dos representantes, da pretensa igualdade manifesta apenas no condicionado voto político e jamais na democracia económica.
 Procurando agora redescobrir e adequar aos tempos actuais as decisões tomadas através da assembleia dos iguais, do igualitarismo, do associativismo livre, da auto-gestão generalizada e do federalismo.
No próxima sessão, em 23  de Novembro, serão apresentados exemplos concretos deste tipo organização. E convidamos todos os que tenham ideias deste tipo a apresentá-las à assembleia. Para que se estabeleçam contactos e se desenvolvam  cumplicidades e projectos.

A TERTÚLIA LIBERDADE JUNTO DOS CAMPONESES DA ANDALUZIA.
A Tertúlia Liberdade organiza de 1 a 4 de Novembro, uma missão junto do SAT, Sindicato Andaluz de Trabalhadores.
Desta vez contando com 17 pessoas, iremos de novo falar e aprender com elementos deste sindicato, cerca de 30.000, na grande maioria camponeses e trabalhadores agrícolas,
 O SAT é bem diferente dos sindicatos que conhecemos em Portugal. Auto-gestionário, praticante da acção directa e com decisões tomadas em assembeia. Particante do igualitarismo, sem privilégios, defensor do meio ambiente, autónomo e sem obediências partidárias.
Visitaremos realizações do SAT em Somonte, Marinaleda, Osuna e Sevilha e todo o material recolhido, incluindo um filme que rodaremos por lá, será levado junto dos interessados portugueses.

domingo, 21 de outubro de 2012

Autogestão, Cooperativismo e Apoio Mútuo em Debate


A Conferência/Debate - Autogestão, Cooperativismo e Apoio Mútuo integrada no Ciclo "A Cidadania Hoje - Possibilidades para a Democracia Directa" irá decorrer no próximo dia 26 de Outubro pelas 18,30 h na Biblioteca/Museu República e Resistência no edifício Grandela, Estrada de Benfica nº 410 muito perto da Estação de Metro do Alto dos Moinhos.

O conferencista será o economista Vítor Lima que nos fez chegar um resumo da sua comunicação.

O capitalismo no pós-guerra assumia duas formas típicas essenciais: O modelo do capitalismo monopolista, de matriz keynesiana, com um Estado intervencionista no apoio e financiamento do sector privado e o modelo do capitalismo de Estado assente no planeamento centralizado, onde o Estado constituía o nó por onde passava toda a decisão económica.

O primeiro, no chamado Ocidente, evoluiu para o neoliberalismo, com a preponderância do capital financeiro, que se veio a apoderar dos Estados, federando-os e tutelando-os através de órgãos internacionais ou pluri-nacionais, longe de práticas democráticas.

O segundo, apesar do desmembramento da URSS, continua pujante, evoluindo para situações de forte ligação  com as multinacionais e os capitais privados nacionais, mantendo-se a democracia fora da agenda.
Politicamente, a anterior clivagem formal entre capitalismo e socialismo, perdeu atualidade e os reajustamentos estratégicos forneceram caricaturas democráticas para embrulhar os diversos modelos económicos – partidos, eleições, autoritarismo, repressão, com uma viçosa corrupção funcionando, expressamente, como tal ou, sobre a forma legalizada do “lobbying”.

Se os vários modelos actuais do capitalismo se mostram incapazes de satisfazer as aspirações da multidão, para mais, inflacionadas pela indução do consumismo, também os modelos de organização e representação política funcionam como claramente inibidores de expressão democrática. E desse descontentamento surge uma nova simpatia por fórmulas democráticas de gestão da produção (autogestão) e decisão sobre a vida pública (democracia direta), que urge precisar, desenvolver e expandir.

domingo, 14 de outubro de 2012

Vamos Cercar S.Bento




Este não é o nosso Orçamento !

É cada vez mais evidente - a não ser para um governo que segue fanaticamente, e sem olhar a meios, o programa da Troika - que este caminho não nos serve. Temos saído repetidamente à rua para exigir que sejamos ouvidos, para mostrar que estamos indignados com tanta insensibilidade social e com tantos jogos políticos que conduzem sempre ao mesmo resultado: mais pobreza, mais desemprego, mais precariedade, mais desigualdade social, mais austeridade, menos futuro! Saímos à rua porque é nela que mora a última esperança de liberdade quando os governos se tornam cegos, surdos e mudos face às justas exigências de igualdade e justiça social. Saímos à rua porque estes governos apenas se preocupam com a aplicação suicida de políticas pensadas para proteger os mais ricos e os interesses financeiros. Voltaremos a sair à rua em Portugal, em Espanha, na Grécia e em tantos outros lugares pelas mesmas razões essenciais: queremos uma economia virada para as pessoas, uma democracia com direitos para todos e todas sem discriminações e um planeta onde possamos coexistir de forma sustentável e cooperante.

Se o povo quiser, o povo decide, por isso vamos para a rua a 15 de Outubro dizer de forma clara e definitiva que recusamos o retrocesso social imposto, que este não é o caminho e que queremos uma vida digna. Queremos recuperar a nossa responsabilidade sobre o nosso futuro. Governo para a rua já!

Em Portugal, como em Espanha, cerquemos o Parlamento!

              A Tertúlia Liberdade também convoca o Cerco a S. Bento

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Resposta à Crise que Nos Aflige


A Greciarização do nosso país prossegue a grande velocidade. Com aumentos da TSU, ou do IVA e do IRS. Com cortes de toda a ordem sobre os salários e as pensões de reforma. Com a abolição de apoios sociais, na saúde como na educação, no apoio às crianças como aos deficientes, a estratégia de empobrecimento do povo português mantém os seus contornos e acelera-se. "Para salvar a economia nacional", berram os políticos actualmente de serviço, numa gritaria ensurdecedora, sem que jamais definam aquilo de que estão a falar, sempre envoltos em estatísticas e linguagem em politiquês e economês, para que aqueles que os sustentam, os humilhados ofendidos de ontem e de hoje, não percebam o que se esconde por detrás dos corriqueiros e dissimuladores discursos grandiloquentes dos políticos profissionais. Ou seja, a transferência do rendimento dos trabalhadores para as mãos dos capitalistas.
"Não há nenhuma outra saída", repetem exaustivamente os propagandistas de todos os matizes. E, não satisfeitos, injuriam-nos até à náusea, "Assumimos um compromisso que temos a obrigação de respeitar", como se a dívida estatal fosse semelhante à divida de uma família. Repisando constantemente as falsidades com que nos perseguem, "Precisamos de pagar aquilo que devemos". "Sim", insistem os propagandistas, "necessitamos desses empréstimos externos para custear as despesas indispensáveis, como os salários dos funcionários e as pensões de reforma"... Quase sempre concluindo, cinicamente, "Os portugueses consumiram acima das suas possibilidades".

Hoje, mais do que nunca, temos de desmascarar este cortejo de falsidades. Quando essa corja diz que "tem de cumprir os compromissos assumidos", mente de forma vergonhosa. Qualquer compromisso, destinado ao pagamento da dívida externa de um estado, pode ser renegociado ou anulado, como tem acontecido inúmeras vezes com os mais diversos países. A Alemanha, por exemplo, só agora acabou de pagar as indeminizações com que se comprometeu, depois de ter perdido a 2.a Guerra Mundial. E os EUA têm pago a sua gigantesca e sempre crescente dívida externa, quer com mais dívidas, quer com pagamentos faseados ao longo de 60, 70 e mais anos - num processo habitual, que se traduz no não pagamento de facto, devido à desvalorização do dólar num período tão alargado. Mais recentemente, a Islândia, por seu turno, graças à pressão do seu povo (contrária ao desejo dos políticos do país), forçou a renegociação das condições de pagamento da dívida externa que passa a ser paga por um período de 70 anos e praticamente sem juros. E ainda conseguiram obter uma moratória, que lhes permite não efectuar qualquer pagamento naqueles anos em que o PIB do país não apresente crescimento.
Porque será que estes simuladores profissionais da política têm tanta preocupação com as obrigações contraídas com o pagamento da dívida externa, mas não apresentam a mínima preocupação para com os compromissos que assumiram perante o povo do seu país? Não será porque, para esta corja, só interessa honrar aqueles compromissos que se traduzem em benefícios para o capital e os seus sequazes, e perdas para a população?

E, quando demagogicamente nos martelam os ouvidos com a necessidade desses empréstimos para pagarem, entre outras coisas, os salários e as pensões, abusam da credulidade popular. Recordo que, quando o governo anterior se dirigiu, de chapéu na mão, a mendigar empréstimos aos usurários internacionais, agora representados pela Troika, o PIB português ultrapassava os 180.000 milhões de euros. Hoje já é mais reduzido, porque as medidas impostas pelos sovinas da banca conduzem inevitavelmente ao empobrecimento daqueles infelizes povos que, como nós, lhes caem nas garras. Afinal, o que essa corja pretende é assegurar o pagamento atempado dos empréstimos, concedidos sob a chantagem da obediência e sobretudo o pagamento dos juros leoninos que conseguem extorquir às suas vítimas. E que, no caso português, representam 9.000 milhões de euros/ano, ou seja, a rúbrica de maior montante dos gastos orçamentais do estadoportuguês é constituída pelo pagamento desses juros... Andamos a empobrecer e a trabalhar, aqueles que ainda encontram trabalho, para encher os cofres de semelhantes agiotas e dos seus sequazes nacionais, ou seja, aqueles que jamais são afectados pelos sacrifícios que tanto apregoam... para os outros. Convém lembrar que nunca um país conseguiu livrar-se deste fardo da dívida externa e dos respectivos juros usurários, recuperando a situação anterior à da pretensa ajuda. Excepto um, o Chile de Pinochet, que após 20 anos de mortífera ditadura, melhorou os indicadores macroeconómicos, mas agravou enormemente o fosso entre as classes sociais.
Quanto à balela de "consumirmos acima das nossas possibilidades", é também indispensável desmascará-la. Esses gajos do poder dos diversos governos fizeram, e continuam a fazer, os gastos mais mirabolantes e desnecessários sem jamais nos prestarem contas. Gastam o dinheiro que nos conseguem extorquir através dos impostos, juntamente com aquele outro que pedem aos usurários e nós pagamos, da forma que bem entendem. E jamais nos prestam contas, sempre protegidos pelo abstruso "segredo de estado". O povo não é ouvido nem achado sobre as despesas que essa pandilha faz naquilo que bem entende. Nunca nos prestam contas, mas quando chega a hora de pagar, somos nós que temos de suportar os resultados das suas manigâncias, das suas inúteis negociatas, lucrativas para poucos e ruinosas para a maioria, e dos seus elefantes brancos. Hoje, quando o sistema capitalista sobrevive ligado à máquina estatal, que lhe proporciona os lucros ambicionados graças ao domínio e exploração que, mais do que nunca, exercem sobre o povo, é que se lembram de nós. Para pagar os seus desmandos e ganância.
Fazem acordos, como o da Troika, e nós nem sabemos qual o montante e condições de pagamento, de que forma contraíram esse empréstimo e quais as condições impostas para o pagar. Somos meramente utilizados para os enriquecer. Quem gastou à tripa forra foram os sucessivos governos e os seus mentores do capital, em investimentos e mescambilhas feitas nas nossas costas, acompanhados por um apelo desenfreado ao consumo sem sentido que os bancos com as suas pretensas facilidades de crédito promoveram a seu belo prazer.
E actualmente, ainda por cima, vociferam que consumimos acima das nossas possibilidades? Belo exemplo da hipocrisia e falsidade dos parasitas da política profissional que, eles sim, gastam acima das possibilidades do povo que os sustenta. Só uma luta constante, e de cariz internacionalista, nos pode salvar do destino anunciado por estas políticas, ou seja, o empobrecimento e a degradação das condições de vida da população. E só uma luta fundamentada numa perspectiva de combate solidário, que aponte caminhos para uma nova organização social, em que o paradigma do lucro, hoje hegemónico, seja substituído pela cooperação e pela satisfação das necessidades, nos pode fazer escapar em definitivo do abismo para o qual o capitalismo conduz o povo.