segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lisboa e os pândegos do poder

LISBOA E OS PÂNDEGOS DA CONTRADANÇA DO PODER

Calcorreio sem pressas as ruas do centro da minha cidade, e o afecto que há muito nos une é acompanhado pela mágoa perante a decadência que, desde há largas décadas, corrói a nossa celebrada urbe de Olissipo. Sentimento agora acompanhado por uma mescla de aflição e agonia, submerso sob os efeitos da pândega provocação dos aspirantes a caciques da capital.

Aproximam-se as eleições autárquicas,  a caça ao voto e o chamamento à ingenuidade do “amigo eleitor” proliferam. Abundam os cartazes de todos os tamanhos, ricamente coloreados, onde desbocadamente são alardeadas as carantonhas mais desvairadas  dos diferentes herodes em concorrência e as sentenças mais estrambólicas, mas todas elas evidenciando algo em comum, não dizem nada!

Percorro a planura das ruas da Boavista e de S. Paulo, onde a flagrante ruína da maioria das construções torna evidente que as guerras urbanas não  aconteceram apenas em cidades vítimas de conflitos bélicos,  como Zagreb, Belgrado ou Beirute.  Também as ruínas de Lisboa e o omnipresente  naufrágio citadino que nos cerca, patenteiam  o conflito que os capitalistas e os seus aliados da política travam contra os moradores da cidade. As rendas antigas são baixas, aumentem-se! Eis a solução desta gente e dos seus amestrados tri-doutores. Enquanto isso, os prédios são votados ao abandono na esperança vã de uma  retoma que valorize a idolatrada propriedade privada  dos terrenos.   E, com esses imóveis, são abandonados quem neles procura sobreviver, por entre quedas de paredes e de  escadas, de ratos e soterramentos.

Por fim, chego ao Cais do Sodré, aí aguarda-me uma praga de cartazes eleitorais, a par de uma nuvem de ensurdecedores veículos que, qual zangões furibundos, procuram ultrapassar-se uns aos outros, perante o pavor dos aflitos peões e o ar carrancudo dos chamados agentes da ordem, neste caso, agentes de estridentes silvos geradores de desordem sonora.

Mesmo à minha frente, perfila-se no seu cartaz, exibindo um forçado sorriso de fancaria, um sujeito gordo e careca que, enroupado no tradicional fato e gravata, fardamento oficial dos políticos de profissão,  ameaça, “Com os dois pés em Lisboa”. É um tal Seara que, receio bem, pretenda espezinhar os lisboetas, com os dois pés, só um, ou mesmo a quatro patas. Dissimulados a um canto, meio envergonhados, deparo com os símbolos partidários deste sujeito, do PSD/CDS que, perante aquilo que esta gente chama o desgaste do poder, ou seja, o bem visível  rol de promessas não cumpridas inerente a todos os governantes, lança-nos um olhar de carneiro mal morto, enquanto se afadiga no peditório eleitoral.

Logo ao lado, mira-me um outro sujeito. Também este enverga a farpela obrigatória, mas   faz gala na sua profusa trunfa, alva como a  neve, e na tez bronzeada. Ostenta um sorriso pisa-mansinho, a exemplo do seu colega do lado, e a sua fisionomia de bom rapaz-trabalhador, encimada por um olhar pouco transparente, onde o que não parece é e o que é não  parece, deixam perceber um apetite mal contido. Talvez o de um Obama à moda da Madragoa.

Trata-se do Costa, o actual manda-chuva camarário que, carregando uma longa experiência de manhas políticas, nos surge mais adiante num outro cartaz publicitário. Aqui, acompanhado de uma bem nutrida jovem, envergando um fatinho à marujo, assegura-nos que “juntos fazemos Lisboa”, deixando no ar uma enorme dúvida. Quem serão estes “nós”? Ele e a sua colega de partido, disponíveis, por exemplo, a abrir valas na Avenida das Naus, em remodelação ali ao lado? Ou ele e os restantes lisboetas, empunhando gigantescas vassouras, indispensáveis à limpeza de toda a imundice politiqueira e prestamista que emporcalha a nossa cidade? Ou ainda,  toda a edilidade lisboeta, disponível para almofadar o percurso dos especuladores e demagogos que nos atordoam? Com quem convida o Costa a juntar-mo-nos?

Embebido nestas reflexões prossigo o meu percurso, esperançado em encontrar por fim alguma clareza nas proclamações dos candidatos a caciques da cidade, e eis que ali ao lado deparo com um cartaz em formato mais reduzido, da CDU. Como quem diz CDU, diz PCP e os seus companheiros de jornada eleitoral, pergunto-me,  será que, finalmente, através do partido comunista, vou encontrar um apelo, não direi revolucionário, mas ao menos com algum conteúdo explicito?

Nada disso, a moda de substituição dos seus velhos slogans, tipo “Os eternos valores de Abril”, ou talvez mesmo, “Em frente pela Reforma Agrária”, também chegou a estas a bandas. O que encontro é um desconhecido sujeito de ar simpático e asséptico que nos augura “Lisboa, cidade para todos”, em que o máximo da contestação que nos oferece, é o facto de ter despido o casaco, acção bem tolerável pelo cinzentismo dominante, face ao calor estival que se faz sentir. De facto, pôs-se em mangas de camisa para proferir uma frase absolutamente inócua,  merecedora de um lugar de honra na classificação dos maiores lugares comuns da nossa língua, a par de infantilidades tipo,  “O mar para todos os peixes”.

Prossigo o meu percurso, embebido em pensamentos pouco abonatórios face aos profissionais da política e quando dirijo o olhar para o outro lado da Praça, deparo com um enorme cartaz publicitário do Bloco (Berloque ?) de Esquerda, que proclama em letras garrafais “Tudo o que foi roubado tem de ser devolvido”.

Perante este alvedrio eleitoralista, logo uma questão me ocorre. A que roubos se referem estes patuscos? Será aos da exploração, de que todos os assalariados somos vítimas? Ou àqueles conduzidos pelos vários chefes de todos os calibres que, das mais badaladas às mais obscuras repartições do estado, nos obrigam a labutar para lá do horário de trabalho? Ou será ainda, que se referem à venda a preço de saldo de empresas estatais  aos cúmplices da mesma pandilha? Mas, pergunto eu, essas empresas eram propriedade do povo português e são os seus trabalhadores quem decide as suas estratégias e gere o chamado sector empresarial do estado?

Quantas perguntas, quanta ausência de respostas. Que também não encontro num outro painel publicitário, cujo slogan bloquista decreta,“Queremos Lisboa viva, habitada, solidária”. Óptimo, dizemos todos, incluindo o varredor municipal e o banqueiro, tal como não deixarão de apoiar qualquer outra expressão igualmente vazia de conteúdo. Como, por exemplo, “Queremos que todos os portugueses tenham uma casa com piscina e passem férias de dois meses num destino à sua escolha”. Pela minha parte, apoiaria inteiramente, e, já agora, formulo um outro desejo, “Queremos que os simuladores da política se retirem para uma actividade decente”.

Enfim, encontro-me completamente elucidado sobre as insultuosas habilidades destes farsantes mas, ao afastar-me rumo a um destino mais salubre, ainda deparo com um derradeiro reclame, o do MAS, que um politólogo (ou palitólogo?) de ocasião, me esclareceu tratar-se do Movimento Alternativa Socialista, um bando de lunáticos que, alumiados pelo pensamento de Trotsky, abandonou o Bloco de Esquerda em busca de alguns simplórios para os converter aos desumanos sacrifícios, do seu único e sacrossanto chefe burocrata reconhecido, o estatista que, entre outras crueldades, teorizou e transformou os sindicatos em meras correias de transmissão do seu partido bolchevique e comandou o assassínio a tiro e canhonazo dos camponeses revolucionários de Makhno, na Ucrânia, e dos operários e marinheiros da cidade revolucionária de Kronstad. 

Pois bem, esta anacrónica caterva também resolveu fazer prova de vida neste penoso carnaval eleitoral. “O euro afunda o país. Referendo já”, exigem, numa caricata tentativa para extorquir dividendos do empobrecimento e desencanto popular, mas sem que um único desarrincanço, uma simples ideia consistente, alumie tão vetustas mentes. Apenas lhes ocorreu, como se a história fosse possível de rebobinar, um regresso a um passado de há  40 anos atrás, ou seja, pedir uma repetição do golpe militar contra a ditadura. Por isso papagueiam, “Faz falta um novo 25 de Abril”. Enfim, com contestatários destes, bem podem os banqueiros e  políticos dormir descansados.

Foi já junto às margens, por agora tranquilas do Tejo, debruçado sobre o parapeito de pedra que me separa das suas serenas águas estivais, que concluí, com o mar da Palha ao fundo e o apito de um cacilheiro que se aproxima do cais, que as eleições à portuguesa além de sensaboronas e repetitivas, dão-nos uma outra dimensão da crise com que os “donos de Portugal” diariamente nos ameaçam. A da crise de valores e de imaginação.

Perante a acefalia reinante entre os mais diversos senhoritos da política, nada melhor do que  não fazer ondas. Nem esquerda, nem direita, nem sequer centro, o melhor, consideram, é falar a uma só voz e ninguém dizer nada. E assim, temos uma cáfila de gente do mando que  ignora completamente o povo que se arroga querer representar. Nem sequer aparecem as costumeiras promessas, agora ausentes de todos os cardápios, tal como as picarescas questiúnculas entre a direita e a esquerda. As ideologias fugiram para parte incerta, com todos os candidatos igualizados  pelo mesmo nível, o mais baixo da escala.

É a gente deste calibre que a idiotice eleitoral vai entregar os destinos das suas cidades, vilas e freguesias, como se um rebanho de ovelhas pudesse optar entre os candidatos a pastor mudos e paralíticos. Mas, dotados de um poderoso auxiliar, o cão. Tal como os “nossos” políticos, bem servidos pelo cão, polícia ou à paisana.

    

  

sábado, 24 de agosto de 2013

conferências, debates, ciclo de cinema e outras actividades nos próximos meses

A Tertúlia Liberdade vai desenvolver nos próximos meses uma série de actividades cujo calendário aqui deixamos. Oportunamente serão dadas mais informações sobre o programa. Participa, aparece. A entrada é livre e a saída também.

Todas as actividades terão lugar na Biblioteca/ Museu da República e Resistência - Espaço Grandela, situada na Estrada de Benfica, 419.
  


SETEMBRO

6ª feira, dia 20,   - Convívio com os amigos da Tertúlia Liberdade

6ª feira, dia 27, -  Conferência/Debate sobre o anarco-sindicalismo em Lisboa, no século XX

Sábado, dia 28 - Visita guiada aos locais significativos do roteiro anarquista de Lisboa


OUTUBRO

6ª feira, dia 4 - Ciclo de Cinema Libertário

6ª feira, dia 11 - Ciclo de Cinema Libertário

6ª feira, dia 18 - Ciclo de Cinema Libertário

6ª feira, dia 25 - Ciclo de Cinema Libertário      


Importante - As sessões de Novembro e Dezembro, terão lugar à  4ª feira.


NOVEMBRO


4ª feira, dia 6 - Ciclo de Cinema Libertário

4ª feira, dia 20 - Conferência/Debate - Repensar a Democracia

4ª feira, dia 27 - Conferência/Debate - Repensar a Democracia


DEZEMBRO

4ª feira, dia 4 - Conferência/Debate - Repensar a Democracia




A crise ou o grande embuste

“A DÍVIDA” – OU O GRANDE EMBUSTE 


“Os donos de Portugal”, bem acompanhados pelos seus seus cúmplices e apaniguados de todos os matizes, conduzem desde há anos, uma orquestrada campanha de propaganda que procura persuadir os desafortunados naturais deste país de que “a crise” e a consequente “dívida”, são fruto da sua irresponsabilidade. 
“Vocês, consumiram acima das vossas possibilidades”, repreendem-nos constantemente, adiantando que só existe uma forma de resgatar o nosso desvario. “Os portugueses têm de se sacrificar para recuperar a economia nacional”, o que quer que signifique a dita economia nacional, uma expressão tão equívoca como “os milagres de Fátima”.

Outros bufarinheiros da política, acompanhados por uma cáfila de tri-doutores e dos mais diversos especialistas da boa vida à custa do trabalho alheio, tratam de atapetar com cardos o futuro da população, “Nunca mais se poderá regressar ao período consumista anterior, que destruíu a nação. O regabofe acabou”, proclamam.

“Será assim?, os nossos filhos e netos terão forçosamente de viver pior do que nós ?”. “Qual será o nosso futuro?”, pergunta-se uma população aterrorizada pela miséria crescente e a angústia gerada pelo sequestro de que é vítima.

Vejamos então as origens, efeitos, crimes e fortunas, que se encontram na génese da actual situação.

Podemos começar por separar as águas e dividir as causas da praga que nos caíu em cima em duas ordens de razões, as endógenas, ou internas, e as exógenas, ou externas.

No que diz respeito às causas endógenas, saliente-se, antes do mais, o facto de a dívida externa, de que falamos, ser praticamente idêntica no que diz respeito à sua atribuição, cerca de 50% por compromissos do estado português e os outros 50% por parte de empresas privadas. Isto muito ao contrário do que apregoam diariamente os tagarelas propagandistas e profetas da desgraça. Com todos os meios de evangelização de massas ao seu dispor, sempre servilmente ajoelhados perante o poder fáctico, todos estes trapaceiros, mercenários da caneta e os seus mandantes, impigem-nos as mais manhosas histórias da carochinha que a sua desaforada imaginação consegue conceber. Todas elas com idêntico obectivo, capacitar-nos do inevitável empobrecimento popular, coagidos a trabalharmos mais e a ganharmos menos, obrigados a submeter-nos à extinção de todas as formas de salário indirecto que ao longo de largos anos de luta foram conquistados por todo mundo. Estes tartufos de alto coturno, juram a pés juntos que a dívida externa é estatal e tem a sua raíz no consumo excessivo, das pessoas e do estado. E, com a esperteza saloia que os caracteriza, tratam de empalmar a realidade, ou seja, asseguram que a maior parte dessa dívida externa se deve a operações com origem no consumo privado popular, efectuadas sobretudo através da utlização do crédito bancário.

E, com semelhantes ardis, procuram escamotear a sua sofreguidão em liquidar os mais diversos apoios e actividades estatais de caracter social. Enquanto isso, estes mesmos cegos com olhos, nos quais no lugar das púpilas brilha o seu amo e senhor, o cifrão, estabelecem chorudas negociatas com toda a espécie de argentários, arrotando euros aos milhões para se apossarem do património do país. Quem aproveita esta ocasião dum modo desavergonhado, como felizes contemplados em tais liquidações por motivo de saldo, são as empresas dos finórios pertencentes à mesma trapaça política, no regaço das quais os “homens de estado” podem sempre encontrar um opíparo tacho à sua espera.

Mas, a verdade dos factos é bem diferente daquela que nos é apregoada. Da dívida privada externa que, repito, constiui 50% da dívida externa total, nada menos do que 63% resulta da especulação bancária e apenas 15% provém das dívidas das famílias, ou seja, apenas 7,5% da dívida externa completa é devida ao consumo privado. É esta a realidade, o apostalado sobre o aterrador consumo execessivo “acima das nossas possibilidades”, que constitui a principal bandeira da hipócrisia governamental e dos seus bem estipendiados acólitos, representa apenas 7,5% da dívida externa total. E, convém não esquecer que os potenciais consumidores “execessivos”, foram vítimas de dois factores conjugados.

Por um lado, o anseio de ultrapassar as penosas vicissitudes da vil tristeza das gerações passadas na perseguição de um sonho, o arremedo daquilo que se vivia na Europa que, a partir da adesão ficaria “Connosco”, como apregoavam os políticos no poleiro desse período, ao mesmo tempo que escancaravam despudoradamente os portões do país, desde então idefenso face às garras do capital global. 

Por outro lado, vitimou-nos por igual a política agressiva da banca, no engodo ao fácil crédito consumista com que se apressou a aliciar os incautos clientes. 

Na realidade, e naquilo que diz respeito à divida externa do país, as suas componentes são as seguintes, 63% è devida à especulação bancária, 15% é atribuível ao consumo privado, enquanto o restante se encontra nas mãos da banca, tendo como destino, ao que apregoam, o apoio à economia.

Nesta trapaça, a especulação bancária utilizou os mais diversos expedientes para engrossar os seus lucros, correndo para esse efeito riscos elevados, que nós agora suportamos. No imediato, trataram de se aproveitar do diferencial entre as taxas de juro passivas, que pagavam pelos empréstimos contraídos junto da banca internacional e as taxas de juro activas, que cobravam aos seus clientes, sobretudo no crédito à habitação, mas também no consumo de bens duráveis e de férias. Os comerciantes de dinheiro da banca portuguesa procuraram de todas as formas engodar os fregueses para os seus planos de crédito, na altura anunciados como o máximo dos deslumbramentos na terra, a oportunidade única de consumir bens até então inacessíveis, segundo o lema “Consuma agora e pague depois”. Todas estas operações de crédito foram suportadas com bons juros, só aparentemene acessíveis, que os negociantes da banca conhecem muito bem a sua usura. 

A ganância atingiu tal dimensão que, quando os problemas de pagamentos ao exterior já afligiam o estado e muitos pediam um acordo de empréstimo junto da UE, os banqueiros afirmavam o contrário e, em sucessivas declarações públicas, asseguravam a pés juntos que semelhante recurso era completamente desnecessário. Os seus lucros ainda não se resssentiam dos perigos de falta de créditos que já ameaçavam a “pátria”, mas logo que a torneira do crédito externo se lhes fechou, mudaram subitamente de opinião e tornaram-se nos mais entusiastas apaniguados do acordo com a futura Troika. A partir de então ficava em causa o seu “patriotismo” que, como é de regra, de novo vinha ao de cima. 

Enquanto a possibilidade do recurso ao crédito externo barato durou, os bancos portugueses conduziram de tal forma os seus mecanismos que precipitaram a economia numa robusta bolha imobiliária. Foi aí, principalmente no sector da habitação, onde o despudor não teve limites, que a mescambilha do crédito se tornou mais evidente. E, apesar de ardilosomente escondida com a cumplicidade das mais “insuspeitas” autoridades, ela aí está, a bolha imobiliária, que força o povo português a apertar cada vez mais o cinto para a pagar, enquanto os hipócritas que a forjaram se pavoneam nos antros de luxo que nós aguentamos. 

Durante muito tempo, era comum uma Câmara Municipal deste país, através do seu presidente, do vereador do pelouro de habitação e urbanismo, ou de todos juntos, olhar para um terreno da sua área de jurisdição como uma mina de ouro, da qual só lhes interessava retirar o máximo de pepitas possível, sem olhar a meios, nem a consequências. Por isso mesmo, depois de identificarem um “bom” lote de terreno até aí não urbanizável, faziam “um acordo de cavalheiros de indústria” com uma empresa imobiliária cúmplice, por vezes propriedade de familiares. Essa imobiliária comprava o dito terreno por baixo preço, por exemplo, a 2 euros o metro quadrado. De seguida, um arquitecto de confiança procedia ao levantamento desse terreno que, após os habituais trâmites, era classificado pela Câmara como urbanizável. Desse modo a sua valorização era imediata e o preço de cada metro quadrado multiplicava-se, digamos por 400, ou mesmo muito mais, passando o seu valor a ascender a 800 euros. Frequentemente, ainda não satisfeitos com a falcatrua, os promotores imobiliários dirigiam-se à administração cúmplice de um banco “amigo” e pediam o capital necessário à construção de um futuro empreendimento imobiliário, sendo a garantia oferecida o terreno anteriormente valorizado. Muitos desses chamados empreendimentos imobiliários nem sequer passaram do projecto, outros foram edificados, mas permanecem com os andares vazios, no entanto o principal objectivo, o lucro chorudo, já tinha sido embolsado. Para além disso, os imóveis que chegaram a ser edificados, foram avaliados muito acima do seu verdadeiro valor e dificilmente se vendiam. Hoje, deflacionados e próximos do seu valor real, valem em média menos 40% do que então, continuando, cada vez mais, sem encontrar comprador. O que para os astuciosos causadores deste saque não representa grande problema, uma vez que as suas contas bancárias foram entretanto convenientemente recheadas. Calcula-se que estas casas vagas, construídas nos últimos 15/20 anos, juntamente com a construção antiga de habitação devoluta, atingem a espantosa cifra de 2 milhões de casas sem gente por todo o país. 

Foi desta forma que se criou a bolha imobiiária, com os bancos em pré-falência, mas com os seus administradores e directores mais ricos do que nunca, bem acompanhados pelos ditos promotores imobiliários e dos variados responsáveis camarários que interferiram nestes processos de pilhagem. 

Acresce ainda, que muitas das ditas empresas imobiliárias não pagam IMI. Com esse objectivo, os tais promotores trataram de criar empresas de promoção imibiliária de caracter fechado, o que as isenta do imposto. Seguem, afinal a norma geral deste país, onde a pilhagem fiscal atinge maioritariamente os assalariados que, juntamente com os pensionistas e os pequenos e médios capitalistas, suportam a maior parte das despesas estatais, incluindo as colossais verbas derivadas do serviços da dívida. Os bancos e os possuídores de grandes fortunas, tal como as empresas rentistas e aquelas especializadas em áreas e negócios altamente lucrativos, forjados em oligopólios ou em negociatas de origem duvidosa, não são integrados de forma proporcional nos badalados “sacrifícios”. Ou seja, os mais ricos e as empresas mais rentáveis e lucrativas gozam de previlégios inerentes ao seu poderio e ao compadrio reinante, sendo-lhes permitido o recurso a escritórios especializados na fuga fiscal e a off-shores, para se eximirem ao pagamento de impostos mais elevados. 

A dimensão desta e de outras falsificações, a nível local e central, é de tal ordem que foi avaliada como responsável pela transferência de qualquer coisa como 66.000 milhões de euros dos cofres públicos para as mãos de privados pouco recomendáveis.

Mas também a dívida pública tem muito que se lhe diga. E, semelhante panorama não foi apenas devido à função de avalista que o estado assumiu, por via do financiamento externo ao qual os responsáveis pelos investimentos em muitas empresas públicas, votadas à sua sorte sem investimentos por parte do estado-patrão, foram forçados a recorrer. 

Também as badaladas parcerias público-privadas, nomeadamente aquelas das vias de comunicação e da rede hospitalar, contribuíram para esta negra cifra. Só no ano passado, o estado pagou, a título de compensação, 500 milhões de euros às empresas exploradoras das auto-estradas, ditas SCUT. E o caso da ponte Vasco da Gama é paradigmático. Foi entregue a uma empresa privada porque, diziam os governantes, o estado não tinha recursos financeiros para se abalançar a um investimento tão voltuoso. Mas, na realidade o que se passou foi o seguinte. A empresa à qual o governo entregou esse empreendimento apenas contribuíu com 20% do seu custo e, à laia de compensação, o estado entregou-lhe não só a exploração dessa ponte, como também a da 25 de Abril, que já se encontrava totalmente paga. Para “facilitar” a vida” aos utentes, a Lusoponte, a empresa concessionária, encontrou uma medida orginal, aumentou o preço das portagens e acabou com a gratutuídade no mês de Agosto. Tudo isto com o beneplácito dos “homens de estado”...

Por sua vez, os hospitais público-privados, construídos e equipados pelo estado com o dinheiro que nos é extorquido através do saque fiscal, dão prejuízos de largas centenas de milhões, que o erário público suporta, ... à nossa custa. Este sorvedouro de dinheiro, junta-se àquele ainda maior dos contratos leoninos das empresas concessionárias das auto-estradas, formadas por todo o país por meio de uma aliança entre as maiores empresas de obras públicas e os bancos. Através desses contratos, o estado obriga-se a garantir somas enormes aos concessionários, mesmo que o tráfego nas estradas seja, como acontece actualmente, extremamente reduzido. Estamos perante um processo em que os “investidores” têm a segurança de lucros enormes à custa dos impostos que nos são sacados. 

Saliente-se que os contratos ruinosos deste tipo não existem em mais nenhuma parte do mundo, os que existiram foram extintos. 

Também as lucrativas e ruínosas negociatas bancárias, deram um farto contributo para esta situação. Como foi o caso do banco BPN, criado e administrado por amigos do actual presidente da República. O somatório das diversas parcelas do gigantesco buraco criado por esses trafulhas não deve andar longe dos 8.000 milhões de euros. E, igualmente o Banco Privado Português, que hoje o poder político procura manter no olvido, além do Banif, cuja dimensão do golpe ainda hoje se ignora e também o apoio a todos os outros bancos, efectuado, as mais das vezes, com jogadas obscuras de compadrios e empréstimos simulados.

Torna-se assim mais fácil perceber a verdadeira origem de uma dívida. que os apologistas do saque generalizado atribuem ao consumo “acima das nossas possibilidades”, de onde extraem como conclusão, própria de semelhantes hipócritas e simuladores, a necessidade de “sacrifícios” impostos ao povo, como a expiação de uma culpa que nos é alheia.

A dívida foi claramente contraída por essa corja, pelos governantes, os banqueiros e demais capitalistas. E actualmente é utilizada para que os “homens de estado” concretizem uma constante ambição do capital, extorquir tudo o que podem aos trabalhadores para o canalizarem para os capitalistas. É para isso que nos reduzem os salários e as pensões de reforma, nos aumentam a jornada e os dias de trabalho, nos esmagam os salários indirectos, nos aumentam os impostos e, de todas as formas, nos vigarizem e nos roubam. Para que o rendimento do país seja apropriado em cada vez maiores proporções pelo capital. Tudo este sinuoso percurso é facilmente demonstrável. Senão vejamos, no período anterior à queda da ditadura o rendimento do país era distribuído por todos os portugueses nas seguintes proporções: 58% para os capitalistas, a minoria e os restantes 42% pelos trabalhadores, a grande maioria. Após o 25 de Abril, e nos anos que se lhe seguiram, foi possível inverter essa distribuição, ficando os trabalhadores sensívelmente com 58% da riqueza anual produzida e os capitalistas com 42%. Hoje já vivemos novamente com uma distribuição idêntica à do período salazarento, ficando os capitalistas com a maioria do rendimento e os trabalhadores com a fatia mais pequena. Mas ainda não estão satisfeitos! Por todas as formas procuram roubar-nos cada vez mais. O actual governo procura levar a bom porto essa ambição, utilizando sem pudor o pretexto da dívida e dos compromissos internacionais. Quanto aos compromissos nacionais, perante o povo que os guindou aos poleiros que ocupam e os sustenta, constituem letra morta para essa canalha.

Debrucemos-nos ainda sobre um outro aspecto que condiciona a realidade deste país, a destruição das capacidades produtivas de Portugal. Há 25 anos, com a adesão de olhos fechados, sem quaisquer precauções, à União Europeia, na altura CEE, os sucessivos governantes aceitaram desmantelar as unidades produtivas nacionais a troco de algumas ajudas financeiras prontamente malbaratadas, através de distribuição dos ditos dinheiros entre os amigalhaços do bando do poder. Bem como, através da produção de diversos elefantes brancos do regime, da corrupção crescente e de uma exagerada rede de vias de comunicação que, face à pobreza franciscana da produção do país, se transformaram em vias crescentemente utlizadas para a importação toda a espécie de produtos, industriais e agrícolas dos parceiros da UE, como sejam os bens industriais da Alemanha e os produtos agrícolas de França.

Assim se destruiu a indústria, de substituição e de consumo corrente, a agricultura e as pescas. E, de tal forma isso foi conduzido que, hoje em dia, quase 60% dos alimentos por cá consumidos são importados. Enquanto isso, cerca de 500.000 ha. de terras com aptidão agrícola foram votadas ao abandono, por camponeses também eles por sua vez abandonados pelos senhores do poder, e forçados a fugirem das suas terras, hoje desertificadas de gentes, ou entregues aos desamparados velhos que por ali resistem. 

Em substituição da produção local, desenvolveram-se com o suporte governamental, enormes quantidades de serviços de reduzido valor acrescentado e agigantaram-se, com beneficio das clientelas partidárias e prejuízo dos consumidores, os parasitismos dos rentistas, em áreas como a banca e os seguros, a electricidade, os telefones e as telecomunicações, bem como os combustíveis. A esta lista, falta ainda o sector das águas, actualmente em avançado estado de decomposição, destinado a permitir o golpe final. 

O resultado destas dificuldades económicas, com um país estagnado, sem crescimento económico há muitos anos, onde aumentaram as necessidades de mercadorias e serviços modernos, induzidas pela necessidade, pelo crédito mais fácil e pelo marketing agressivos, juntaram-se ao depauperamento de uma oferta nacional de rastos e reduzida, conduzindo a um avolumar das importações. Perante esta situação, acompanhada por um volume de exportações de valor reduzido, registou-se um constante agravamento da balança de pagamentos, só possível de suportar com sucessivos recursos ao crédito externo, destinados não só à importação de bens de consumo, mas também de bens de equipamento e de luxo, bem como de inúmeras situações provocadas pela importação de mercadorias e serviços destinados a satisfazer os autênticos desatinos de investimentos supérfluos por parte da nomenclatura lusitana.

Face a este beco com poucas saídas, a hipocrisia ilimitada dos “homens de estado” tem atingido os pináculos da fantasia, recorrendo de forma sistemática ao uso de expedientes ilusórios com que nos pretendem converter ao seu credo. Estaríamos, garantem eles, a atravessar uma fase de transição, através da qual os apregoados “sacríficios” irão tornar possível o “cumprimento das nossas obrigações”, face aos credores representados pela Troika e, uma vez chegados aos “mercados”, em 2014, iremos arrancar para uma nova fase de crescimento e progresso.

Nada mais falso! Jamais foi possível assumir os compromissos com a dívida externa pagando o serviço da dívida, a um país em recessão. E, só este ano,o pagamento da dívida externa vai custar aos portugueses imolados à lei do lucro com os “sacríficios” que lhes são impostos, um valor que rondará os 9.000 milhões de euros.

Na verdade, com semelhantes condições, impostas ao país pelos credores, destruídoras das últimas capacidades produtivas e geradoras de um empobrecimento generalizado, iremos afundar-nos cada vez mais na espiral da recessão e da dívida. Para se poder pagar atempadamente a dívida contraída e os respectivos juros, seria necessário que a economia crescesse com um valor pelo menos igual a 2% ao ano. Ora, como sabemos, acontece precisamente o contrário e a queda do PIB nacional acentua-se. Tomando como exemplo os últimos valores conhecidos, relativos ao primeiro trimestre de 2013, constatamos que indicam uma redução de cerca de 4% do PIB nesse período. Enquanto isso, as projecções possíveis, como é natural, não são absolutamente nada coincidentes com o falso optimismo dos vendedores de iusões. Na realidade, o único país que saíu do buraco recessivo em que se encontrava, enquanto suportava estas medidas contracionistas, impostas tradicionalmente pelo FMI, foi o Chile. Mas, é preciso perceber a que preço se tornou possível atingir esse objectivo. E facilmente se conclui que só foi conseguido através de uma sangrenta ditadura, imposta durante 20 anos e agravando o diferencial de rendimento entre pobres e ricos, alargado sem medida. As condições de vida da população nunca mais foram as mesmas, persistindo a um nível bem distante do período atingido antes do golpe fascista de Pinochet. 

Por outro lado, a miragem com que nos tentam iludir com o “regresso aos mercados”, ou seja aos bancos usurários, encobre uma realidade bem diferente dessa visão idílica com que procuram iludir a população. Os bancos prestamistas regem-se por normas rígidas na defesa do “seu” dinheiro, da sua segurança. Por isso não emprestarão dinheiro a um país de rastos, como ficaremos após esta ajuda devastadora, sem garantias reais e a a imposição de taxas de juro elevadas.

O resultado do apregoado “regresso aos mercados”, no enublado período a que chamam “pós-troika”, uma vez terminada a sua missão destrutiva em 2014, será a necessidade dos “homens de estado” contraírem novos empréstimos e aceitarem condições muito provavelmente ainda piores do que as actuais, mantendo-se a tutela de uma Troika encapotada e do Banco Central Europeu. De uma forma ou outra, nas condições devastadoras em que o país ficará no “pós-troika”, dependente de importações básicas e com os recursos de toda a ordem ainda mais reduzidos, facilmente se prevê que, continuando a seguir esse caminho, o futuro próximo não será melhor do que a realidade actual.

Os políticos de serviço não ignoram semelhante panorama mas, mestres no ofício de vendedores da banha da cobra, procuram iludir a população com a promessa de um futuro próximo radioso, para a compensar dos actuais “sacríficios” partilhados por todos aqueles que pertencem ao povo míudo, que as elites estão isentas de semelhante canga e até engordam os seus tecidos adiposos com o infortúnio alheio. Depois dos “amanhãs que cantam”, de uns, temos agora “a desumanidade embuçada” de outros”.

Já naquilo que diz respeito aos factores meramente exógenos, que contribuiram para este deplorável estado de coisas, terei de começar por referir a forma como esta União Europeia foi concebida, ou seja, uma união das grandes companhias e não uma federação dos povos europeus.

Uma união que não tem em conta as diferenças de produtividade, de capacidade produtiva e de fiscalidade dos diversos países, unindo-os sob a bandeira de uma unidade monetária e alfandegária, com orçamentos distintos, sem a entreajuda necessária entre as diversas regiões. Naturalmente que um processo destes só pode conduzir ao agravamento das assimetrias, em benefício dos mais fortes e aptos, céleres em tirar o máximo proveito de uma moeda única, da livre instalação em qualquer ponto do território da UE e da livre circulação de mercadorias, seviços e pessoas.

Semelhante percurso, sem as necessárias defesas e apoios aos mais débeis, teria obrigatoriamente de conduzir aos resultados bem conhecidos de roturas diversas, tal como aconteceu em situações idênticas, levadas a efeito noutros contextos. O caso da união dos diversos estados e autonomias da Itália é, para esse efeito, bastante significativo. A ausência de medidas correctoras e de apoio às regiões menos preparadas industrial e financeiramente, a sua abertura total e indefesa face às regiões mais aptas à união económica sem entraves, levou ao agravamento da situação das regiões do sul, com os efeitos cumulativos que se conhecem, particularmente nos aspectos do sub-desenvolvimento e da dependência relativas E não basta despejar sacos de dinheiro nessas zonas para se obter um crescimento harmonioso. O processo de acumulação de capital é, pela sua natureza hierárquica e centralista, assimétrico, concentra-se nas zonas onde os factores produtivos são mais atractivos, mais lucrativos, abandonando, mais ou menos acentuadamente, as restantes regiões, com os fluxos finaceiros e de toda a ordem a dirigirem-se para os centros mais atractivos. É o que acontece em Portugal, bem como em muitas outras regiões da Europa e do mundo. 

Note-se porém, que, dado os efeitos cumulativos deste processo e a sua transmissão, nomeadamente através da via financeira, as dificuldades dos mais débeis nas vertente orçamental e da balança de pagamentos, entre outras, irão sentir-se cada vez mais por todo o lado, inclusivamente nos países até agora beneficiários desta situação.

Para percebermos a chamada crise, que entre nós se torna evidente através da dívida externa, precisamos de ter em conta que a classe capitalista e os seus mandatários políticos dos diversos países, e não só da Europa, age dinamicamente na busca de saídas para os problemas que encontra. Sem peias, nem pruridos por parte desses argentários e dos seus representantes governamentais, que colocam sempre em primeiro lugar os lucros esperados e a segurança do capital investido. Por isso mesmo, no próprio coração actual do capital europeu, a Alemanha, já há mais de 10 anos que o governo, por sinal social-democrata, lançou um processo de redução dos custos do trabalho e daquilo a que chamam racionalização do processo produtivo, que se pode traduzir por piores condições para os trabalhadores com um único objectivo. Proporcionar melhores condições para a obtenção de lucros por parte dos capitalistas locais.

É devido a essa mesma necessidade de obtenção de maiores lucros, que os diversos estados cooperam na transferência de capitais à velocidade da luz, através dum simples clic num computador, para se dirigirem às zonas e sectores onde farejem boas oportunidades de lucro significativo. E, dadas as dificuldades na obtenção de mais valias consideráveis noutras áreas, esses capitais deslocam-se prioritariamente para a especulação financeira. 

Por isso mesmo, em Londres, a maior praça financeira do mundo, transacionam-se operações com títulos de dívida, futuros e muitas outras sem correspondência com a economia real, num valor superior a seis vezes o PIB mundial. De tudo isto resulta que por toda a parte se assiste a um nível de concentração de capitais inimaginável, segundo o princípio “o peixe grande come o peixe pequeno”, e semelhante insanidade já alcançou tal dimensão que as 63.000 pessoas mais ricas do planeta possuem 57% do PIB mundial.

Torna-se evidente que o desenvolvimento tecnológico e a interdependência global atingidas actualmente já não cabem nos estreitos limites de uma organização social que se fundamenta no lucro, na hierarquia e no salariato. 

Tenhamos em conta que já não é apenas o capital que não tem pátria, agora, as pátrias também não têm capital.

A organização social simbolizada pelo capital, em que uns poucos monopolizam a gestão da sociedade porque são os donos ou mandantes dos instrumentos de produção, das coisas e do dinheiro/capital, enquanto a maioria tem de lhes obedecer e trabalhar´assalariadamente sob as suas ordens e para eles, encontra-se actualmente ultrapassada pelo desenvolvimento tecnológico e organizacional que conduziu à situação da actual. 

É indispensável encaminharmos-nos para uma nova organização social. 

Tendo sempre presente a antiga aspiração da Associação Internacional dos Trabalhadores, “A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores ! ”